Ao longo de seus 70 anos de existência, a televisão brasileira se desenvolveu de várias formas – técnica, histórica, social, etc. -, acompanhando a evolução (ou o retrocesso) da sociedade. Não poderia ser diferente: a TV sempre dependeu do gosto médio do público, já que seu capital maior é a audiência. Nossa televisão foi feita para o paladar do brasileiro, logo é refém de suas exigências.

Historicamente falando, houve o momento em que a TV conquistou definitivamente a preferência nacional, tornando-se parte de nossa cultura. Durante a Ditadura Militar (meados dos anos 1960 e toda a década de 1970), período de grande repressão social, houve o boom de compra de aparelhos de televisão e a industrialização do veículo.

Era o entretenimento bom e barato como mecanismo de unificação do país, tendo, inclusive, o apoio do governo. Com grande penetração nos lares brasileiros, a TV moldou gerações e, como consequência, teve que arcar com suas demandas.

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Todas as vezes que o público evoluiu (ou não) a televisão o acompanhou – por mais opções que a programação ofertasse e por mais que tentasse agradar ao público diverso.

O maior exemplo da evolução/retrocesso que a TV acompanha está no cenário dos últimos dez anos, mais conservador, diferente – por exemplo – do período pós-Constituição de 1988, em que a censura do Governo Federal foi oficialmente extinta, momento em que mais se ousou na história da televisão, principalmente na abordagem de costumes (vide os atores nus em banhos de rio na novela Pantanal, e seios à mostra em várias novelas do período).

Com a programação e grade unificadas desde a década de 1970, a nossa televisão “uniu o país”, por assim dizer. As novelas e o jornalismo sempre foram os pilares do prime time de todas as emissoras, o “carro-chefe” da programação, principalmente da Globo, que, no caso da teledramaturgia, foi a pioneira na profissionalização do gênero. Esse processo de nacionalização das novelas não começou na Globo, mas foi ela quem o solidificou eficazmente.

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Apesar de haver exceções em que a Globo difunde e divulga outras regiões além da Sudeste, a emissora continua criticada pela generalização e pela homogeneização, ao preferir centralizar as ambientações no Rio de Janeiro e São Paulo, muito diversas do restante do país – até por uma questão de logística e interesses financeiros, já que essas são as principais praças para os anunciantes.

Existe um esforço em abranger os vários brasis na programação, mas não se pode esquecer os “vícios” causados pela unificação, vistos principalmente nas novelas – como na preferência por atores cariocas e paulistas, que acabam com sotaques genéricos em novelas que se passam no Nordeste.

SOBRE O AUTOR
Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira.

SOBRE A COLUNA
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor