Os textos enaltecendo Orgulho e Paixão neste blog viraram uma constante e a novela merece. Marcos Berstein segue com um desenvolvimento sem tropeços e a quantidade de ótimos casais impressiona, assim como os conflitos que permeiam a trama. Além de todos os pontos positivos já relatados, é preciso ainda mencionar agora o ótimo trio de vilãs que surgiu mais recentemente formado por Margareth (Natália do Vale), Susana (Alessandra Negrini) e Josephine (Christine Fernandes).

Muito interessante observar as movimentações do roteiro com três víboras agindo em diferentes núcleos, apresentando características de ótimas vilãs e sendo interpretadas por grandes atrizes. Susana foi a primeira malvada do folhetim e sua parceria com Petúlia (Grace Gianoukas genial) sempre foi um dos trunfos do folhetim. Porém, a sua vilania é cômica. É até difícil ter raiva da interesseira e a inimiga da mocinha Elisabeta (Nathalia Dill) raramente triunfa em algum plano por muito tempo.

Alessandra Negrini é uma ‘expert’ em viver malvadas e novamente está se saindo muito bem na função. O autor, muito espertamente, inseriu Lady Margareth na história recentemente com o claro objetivo de provocar mais reviravoltas e ainda evitar que Susana fosse ofuscada. Isso porque a personagem começava a ficar mais apagada em virtude da felicidade de Elisabeta e Darcy (Thiago Lacerda) e do rompimento com Julieta (Gabriela Duarte), em processo de humanização ao lado de Aurélio (Marcelo Faria). E conseguiu. Susana voltou a crescer na trama se aliando a um perfil claramente inspirado em Odete Roitman (Beatriz Segall), de Vale Tudo.

A virada em torno da chantagem de Margareth, que obrigou o mocinho a quase se casar com a aliada para puni-lo pela “morte” da filha Briana (Bruna Spínola), movimentou Orgulho e Paixão. Natália do Vale dominou a cena assim que entrou na novela. E sua missão era complicada, pois entrou em uma produção harmônica em andamento com o elenco já entrosado. Mas, experiente como é, soube imprimir todas as tintas que um papel como esse pedia. Não demorou para se tornar a maior vilã do folhetim. E o autor tem caprichado no texto de Lady Margareth, adotando também uma licença poética da inserção de termos ainda inexistentes em 1910, como “complexo de vira-lata do brasileiro”, por exemplo. É aquela cretina que o público ama odiar

E Josephine é outra maquiavélica relativamente recente. Isso porque o ”vilão” do núcleo protagonizado por Rômulo (Marcos Pitombo) e Cecília (Anaju Dorigon) era Tibúrcio (Oscar Magrini), rígido pai do esposo da filha de Ofélia (Vera Holtz). A “falecida” esposa do patriarca da Mansão do Parque era apenas a imagem de um quadro intimidador. E até então uma vítima do próprio marido, que a deixou morrer afogada durante um passeio de barco. Porém, aos poucos, vai ficando evidente que a personagem é bem pior que o esposo. Sua volta provocou uma ótima virada e vem destacando o talento de Christine Fernandes, que finalmente ganhou um bom papel na Globo, após vários trabalhos com perfis de pouca importância na emissora – com raras exceções.

Ao contrário de Tibúrcio, a vilã age por trás e abusa da manipulação. Sua principal vítima virou Cecília justamente por ser a única que demonstrou desconfiança a respeito do caráter da sogra. As cenas de Christine e Anaju Dorigon são sempre boas. Berstein também foi feliz em inseri-la no núcleo de Brandão (Malvino Salvador) através de um caso dos personagens no passado. Essa situação implicou em uma rivalidade com Mariana (Chandelly Braz) e resultou em embates com a atual noiva do coronel, além da aliança de Josephine com Xavier (Ricardo Tozzi), maior inimigo de Brandão. O poder manipulador da personagem em cima de Fani (Thammy Di Calafiori) e Edmundo (Nando Rodrigues) também vem sendo conduzido com competência. Agora, inclusive, a perua se alia a Margareth em mais uma parceria que promete.

Orgulho e Paixão tem um trio de vilãs muito bem estruturado por Marcos Berstein e é um prazer acompanhar o show diário de Alessandra Negrini, Natália do Vale e Christine Fernandes na pele de Susana, Lady Margareth e Josephine. Nada melhor do que um folhetim com malvadas bem construídas que movimentam o roteiro e destacam o talento das atrizes.


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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor