O VIVA estreia neste sábado, 19h30, Chico Anysio Show, talvez o programa mais famoso de Chico Anysio – fora, claro, a consagradíssima Escolinha do Professor Raimundo. A atração, exibida entre 1982 e 1990, foi só uma das muitas que Chico comandou na Globo – o título já havia sido utilizado pelo comediante em suas passagens pela TV Rio, Excelsior, Tupi e Record. Contudo, seu texto e seus personagens não ficaram restritos só aos programas de humor. Relembre!

Podemos dizer que Chico Anysio foi percussor do “stand-up” – espetáculo em que um comediante se utiliza do improviso e da interação com a plateia para fazer rir das mais diversas situações. Em 1971, após o êxito do semanal Chico Anysio Especial, ele estreou o Você Tem Tempo?, programa de dois minutos exibido entre o Jornal Nacional e a novela das oito, O Homem Que Deve Morrer, de Janete Clair. E que nada mais era do que uma versão compacta das peças que Chico encenava: sentado diante das câmeras, como que dialogando com o público, o humorista contava anedotas.

Também em 1971, e também entre o Jornal Nacional e a novela das oito, a Globo exibiu o seriado Linguinha x Mr. Yes, que chegou a registrar índices de audiência mais altos do que as atrações que o antecedia e o sucedia. Linguinha era um jovenzinho estudioso que vivia molhando os lábios com a língua, ação que lhe dava poderes de super-herói, na luta contra Mr. Yes (Luiz Delfino), um vilão poluidor.

Em 1984, com o Chico Anysio Show exibindo blocos temáticos, o comediante dedicou um espaço ao universo infantil, com os personagens Bento Carneiro, Cascatinha e Véio Zuza contracenando com atores mirins. Ele também comandou o ‘Neném Sabe-Tudo’, quadro do Gente Inocente. E integrou o elenco da segunda versão do Sítio do Pica-Pau Amarelo, em suas últimas temporadas.

Em 1975, Anysio passou a se dedicar a apenas um personagem: o Azambuja, até então apenas citado em seus monólogos no Fantástico. Em Azambuja & Cia., o malandro carioca ganhou voz e corpo – vários desenhistas, amigos seus, criaram diferentes estilos para Azambuja até que Chico encontrasse o mais apropriado. No seriado mensal, o larápio tentava aplicar golpes surreais, que fatalmente davam errado, com o respaldo de sua turma, que contava, entre outros, com Arnaud Rodrigues, Dorinha Duval, Tião Macalé e Wilson Grey.

Chico Anysio também participou de atrações de outros humoristas. Em 1977, apresentou uma edição especial da Praça da Alegria – hoje A Praça é Nossa – contracenando com personagens icônicos como a Velha Surda, de Rony Rios. Na década de 80, acumulou participações especiais em Os Trapalhões e se tornou “integrante fixo” do Viva o Gordo: com Jô Soares, criou o Coronel Bezerra (Chico) e o Coronel Pantoja (Jô). Quando o primeiro visitava o segundo, a esquete era exibida no Viva o Gordo; quando Pantoja visitava Bezerra, no Chico Anysio Show.

O humorista estreou em novelas com outra de suas criações, Salomé do Passo Fundo, em Feijão Maravilha (1979). Seguiram-se participações em tramas como Terra Nostra (1999), Sinhá Moça (2006) e Pé na Jaca (2006). Ainda, uma passagem polêmica por Que Rei Sou Eu? (1989), como Taj Nahal, sátira do caso Naji Nahas, investidor paulista envolvido em um escândalo financeiro na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. A referência foi proibida na justiça pelo advogado de Naji Nahas e as cenas de Chico na novela nunca foram ao ar.

Muitos dos personagens de Chico Anysio tiveram suas “história de vida” contadas em Chico Total, em 1981 – na década de 90, este seria o título de outro programa do comediante. Cada bloco trazia a trajetória de um tipo, sempre com participações mais que especiais, como as de Marília Pêra, Dina Sfat e Marieta Severo.

Além de atuar, Chico escrevia a maioria de seus programas. E também outras atrações, como os especiais Grupo Escolacho (1988) e Xuper Star (1991). O primeiro contou com Chico e Bruno Mazzeo vivendo o mesmo personagem – o aluno (Chico) que visita sua antiga escola, recordando a mocidade (Bruno). Já Xuper Star foi criado para explorar o lado atriz de Xuxa Meneghel. Inspirado por quadros em que contracenava com ele mesmo em seu programa, ele desenvolveu vários tipos para a apresentadora, como a excêntrica Shirley Liz e a doméstica Rosicleide Sueli.

No auge do controverso governo Fernando Collor, Anysio colocou no vídeo 180 de seus personagens para contar a história de Estados Anysios de Chico City (1991). A cidade com a qual o humorista se consagrou – no programa lançado em 1973 – tinha sua independência declarada! E logo, claro, os problemas começavam, com a primeira campanha eleitoral, a primeira posse de presidente e a primeira crise econômica.

Na mesma época do ‘EACC’, Chico passou a integrar o time de colunistas do Jornal da Globo, comentando, justamente, o panorama político. Inteligente e sempre bem colocado, Chico também fez, durante muito tempo, análises bem humoradas para o Fantástico. Nos primeiros dezesseis anos da revista eletrônica, seus monólogos eram veiculados entre as reportagens. Depois, passou a comentar todo e qualquer assunto – e a encerrar sua participação com um gesto característico, puxando a câmera para si.


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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.