Lisa e Diná voltaram a se enfrentar. Desta vez, Lisa foi à forra, já que foi ela quem provocou a celeuma, indo à vernissage na galeria de Diná exclusivamente para afrontá-la. Engraçado que Diná já deu mostras de entender o posicionamento de Otávio (ela falou a Alexandre, na cadeia), mas não perdoa Lisa por ela ter abandonado seu irmão quando ele mais precisava.

É quando a passionalidade toma conta da razão. Só achei desnecessário e infantil da parte de Lisa descontar em quem não tem nada a ver com o pato. Coitado do garçom que levava a bandeja, que ela jogou para os ares de propósito.

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• Alexandre atacou Téo na cadeia. Outra situação forçada: se Téo sabe que o rapaz o odeia, por que foi vê-lo sozinho antes dos outros? Não faz sentido. Serviu apenas para Alexandre atentar contra a vida de Téo, agravando ainda mais sua situação na prisão. Percebe quando um entrecho sem sentido é usado para justificar algo maior? Abaixo um pedacinho dessa sequência na versão de 1975, com Tony Ramos (Téo) e Ewerton de Castro (Alexandre).

• Otávio descobriu que tem uma doença grave, mas que não é nomeada. Câncer maligno, talvez? Parece que ele está com os dias contados. Isso servirá para explicar muito de seu comportamento daqui para frente, principalmente em relação aos filhos. O curioso é que sabemos que Otávio não morre de doença.

• Lembra que comentei na semana passada que, semanalmente, é preciso haver ao menos um momento de catarse para manter o público fisgado na história, por mais absurda que seja a situação? Aqui: Ivani Ribeiro inventou de fazer Regina e Edneia irem de penetra à festa de aniversário de Dona Maroca apenas para criar mais uma situação desagradável de ciúme entre Diná e Téo.

Sobre essa sequência constrangedora, para quem assiste, para os personagens, e como entrecho, não vou me alongar, porém há algo que me incomodou. Que Diná é doente e precisa de tratamento, não resta dúvida. É o mesmo caso de Heloísa, personagem de Giulia Gam em Mulheres Apaixonadas.

Devemos entender que mostrar seus respectivos maridos – Téo (Maurício Mattar) e Sérgio (Marcello Antony) – dando em cima de outras mulheres, ou até traindo suas esposas, faz parte da composição destes dramas, caso contrário, seria apenas a história de um casamento em crise, quando não se trata apenas disso. Os maridos deixaram de amar suas mulheres, é lógico que eles vão se interessar por outras. E é necessário para que a trama do ciúme doentio flua.

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Entretanto, a sequência em que Téo vai dançar com Regina é absurda porque ele entende perfeitamente o que está acontecendo e ainda incentiva o flerte de Regina perante toda a família, ciente de que a mulher poderia surtar. E Téo nem bêbado estava, o que seria uma desculpa, ainda que muito capenga. Sem tirar nem por, Diná foi publicamente humilhada pelo marido.

Percebeu que Téo em momento algum foi culpado pelo que ocorreu? A família de Diná o censurou na semana passada quando ele se embriagou na fazenda e deu um escândalo, mas passou pano para seu comportamento desrespeitoso quando estava sóbrio. Mais constrangedora que a situação das penetras sem noção, foi os familiares tratarem Téo como vítima do ciúme de Diná, quando a coisa toda já extrapolou essa fase.

Nesta situação especificamente, Téo agiu com mau-caratismo, o que não é do cerne do personagem. E Ivani Ribeiro tratou como mais um entrecho a alimentar o drama de Diná.

PS1: Lembra que comentei de situações pueris da autora? Otávio – o maior advogado criminalista do país – age como um adolescente em sua paixão por Diná, tem arroubos de felicidade, impulsos de sair saltitando ao imaginar que pode ser amado por ela…

PS2: A fossa de Zeca é absolutamente desnecessária.

SOBRE O AUTOR
Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira.

SOBRE A COLUNA
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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